quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Relato sobre a metamorfose do "eu e tu"...



Com as mãos repletas de ausência e um músculo, que já não funcionava por vontade própria, caminhei, sem saber, em sua direção. Um sorriso tímido e dois olhos castanhos foi tudo o que pude notar antes de um inocente "olá" que mudaria minha vida.

Não acreditei...

Tentei respirar meus dias como os anteriores, mas não obtive sucesso. Nada havia ocorrido, meus passos continuavam solitários, mas era como se houvesse.

Sete folhas de um calendário foram ao chão para que eu pudesse, enfim, sair dele. Palpitações de angústia se fundiram ao meu sentir e, quando pude perceber, lá estava eu novamente... Frente a frente com toda a incerteza com a qual o teu silêncio havia me presenteado, perdido em meio aos milhões de desejos que teu existir exalou no meu querer. Estávamos lá: eu, você e apenas o restante de um mundo. Desejei mais um daqueles abraços que elevavam a dose de serotonina circulante e davam a certeza de existir um lugar só meu na imensidão daqueles braços miúdos. Braços abertos, corpos unidos como polos opostos de um imã, algumas palavras sussurradas ao pé do ouvido. Assim, em um toque eterno de curta duração, fez-se a primeira volta de um laço.

Mais folhas de um calendário ousaram ir ao chão e a cada milésimo de queda mais alto era o meu vôo. O silêncio, que musicava o espaço de tempo entre um ato e outro, deu lugar a um turbilhão de sentimentos que penetrou por entre as células. A incerteza monocromática foi abduzida, sem deixar indícios de que um dia estivera ali, e em seu lugar posicionou-se pinceladas sublimes em tons de vida. Em meio a todas as alterações fisiológicas e sentimentais, você veio... Suprema, no andar desajeitado mais correto que já presenciei e pôs-se frente aos meus sentidos perturbados. Fitei-te com o olhar e na simplicidade profunda dos teus olhos pude notar um sorriso desconhecido fazendo moradia centímetros abaixo das minhas narinas. Testemunha muda, daquelas que revelam o obscuro sem a ousadia do proferir. Meu mundo estava todo ali, traduzido em trinta e dois dentes estampados e bem aparentes para que você pudesse entender.

O tempo não parou, muito menos minha vontade de você.

Quis-te e dei-me, quis-me e deu-se... Na perfeição certa do teu existir, fez-se a segunda volta de um laço, porém, ainda assim, insuficiente para fixar a fita invisível que uniria o presente ao futuro. Havia me esquecido de um único detalhe, justamente aquele que faria toda a diferença: por mais que seja belo e dono de um segredo incalculável, laço sem nó não faz eternidade.

Silenciei-me e me desesperei, esquecendo que diante de mim estava o mais surpreendente respirar.

Você, sem ter conhecimento algum sobre tais fatos, contou-me despretensiosamente seus segredos de liquidificador. Segundos existiram e, com o peito inundado em certezas, senti teu corpo e o meu se unindo feito fita em duas voltas repletas de magia e desejo, traduzidos pelo meu “tu” e pelo teu “eu” que entrelaçados deram início a criação de um emaranhado de nós cegos. Nó no plural, eu e você, nós... Sem intenção alguma e na naturalidade do acaso, nossos laços foram presenteados com amarras firmes, dando toda a elegância para a união perfeita de um presente-futuro casto e sem interrupções.

Duas fitas, um encontro, duas voltas, um laço... Enfim, nós para nós, nós para nossos laços eternos.

Somente as portas foram testemunhas... "Eu e tu", uma metamorfose.





A! (de Óbvio!)

6 comentários:

  1. E você segue escrevendo majestosamente bem e sigo te admirando.

    Felicidades mil menino!!
    beijo

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  2. Felizarda Natalia, musa inspiradora de mais um de seus malabarismos de versos.

    És unico e especial, Luz.

    amo.
    beijoos

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  3. E você segue escrevendo majestosamente bem e sigo te admirando. [2

    As vezes quando eu leio seus versos parece que foi tudo feito pra mim!
    Alee vc escreve demais, e sabe disso, continue escrevendo assim lindamente.

    Espero por mais versos LINDOS, e o nosso livro claro rs!

    BEIJOS!

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  4. Isto foi sem sombra de dúvidas a coisa mais linda que ja li! *--------*
    E esse é só o começo de uma história que, no que depender de mim, não terá fim! Olha, rimou! hahahah
    Eu sou mesmo uma menina de sorte, olha só pra você, não tem nada mais valioso nesse mundo! Deus existe e vai muito com a minha cara viu! hahaha
    Eu tenho muito orgulho de você Ale!

    Eu te amo!
    obrigada por existir e por ter escolhido ser meu namorado!

    um beijo, meu amor

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  5. E você segue escrevendo majestosamente bem, e eu sigo te admirando.

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